Como se o poeta, jamais inventado, me chamasse e me desse de presente todas as suas poesias.
São suas, ele disse. E no dia mais feliz, eu estava ali.
E era como se esse tempo sempre tivesse sido.
Do cheiro que ficou.
Da voz doce que nunca calou.
Do prazer contínuo.
Do sim.
Do vou.
Do quero.
Dos verbos indecentes.
Dos dias na penumbra.
Do amor que não foi.
Da paixão que chega logo depois.
Do homem olhando a mulher nua.
Do seu olhar em mim.
Das asas indo embora pela janela.
Do meu corpo no sofá, na madrugada terrivelmente acordada.
Do filme que não vejo até o fim.
Das cantadas ridículas.
Da vodka que nunca bebi.
Das pessoas chamando que não respondo.
Do elogio mais lindo.
Do silêncio que mora no meio da minha garganta.
Da minha alma que desaprendeu a chorar de tanto que o fez.
Da lembrança que se confunde.
Do recomeço.
Da mulher que eu vou ser, no dia que você existir na minha vida.
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