Temperamental!

No pacote recém aberto de quando nasci, podia se ver cada vez com maior clareza, o passar dos anos, o aviso grandioso de: cuidado, frágil.
Na natureza que moldou todas essas minhas intempestivas reações, ciclotímica, era anunciado que o jeito de ser seria este e não havia chance de voltar atrás: com condimentos.
Fora da neutralidade, com tanta pimenta que chega a doer o olhar alheio.
Abundância em sal, que é pra ter gosto e dar sabor a quem prova.
Satisfação a quem oportunidade de contato tem - mesmo que depois, litros e litros de água sejam então sorvidos.
Aquela coisa talvez banalizada, mas aqui realmente seguida à risca: ame ou deixe.
Se ficar, que seja para fazer parte do banquete de sensações ainda improváveis.
Se for, já era tarde.
É preciso que tanto minha parte fria, quanto o calor dos meus atos seja sorvido com toda parcimônia possível.
Que se feche as portas, e retire o cardápio das mãos, quando a agressividade bater.
E depois de ingerida, compreendida seja.
Minutos depois, a mesma facilidade ao riso, e à ironia; o de sempre.
Na têmpera em que fui criada, o experimento entre misturar intensidade com volubilidade deu na bomba que é ter temperamento demais, para o não muito de vivência que até aqui desempenhei.
Para toda essa gente que finge ser uma coisa, e na verdade é o oposto.
Pra quem come pelas beiradas, e acaba se alimentando de restos mal cozidos.
Reações inesperadas, sangue quente.
Se não consumida no momento exato, tão gélida quanto rochas marcianas.
Mudo a receita a que pertenço a hora que bem entender, com rabiscos apressados, e decisões em cima da hora - às quais, também recorro e recorto do livro de culinária, se mais tarde se fizer necessário.
Intempestiva, incluo em segredo, em alguma linguagem que apenas quem sente com todo o caráter pega a senha e tem acesso.
Se chover, me torno a mais deprimente das pessoas presentes.
Caso o sol saia, irradio na sala vibrante, querendo que se contagiem todos com a beleza do dia todo ainda pela frente.
Se hoje te abraço, é preciso que você me dê colo até que saia forte e cordial, dos mimos que preciso.
Sem tal toque, me recolho e apenas me abro a quem não promete, e sim cumpre; age.
Se for preciso, disco o número que tenho em mente, em êxtase e sem pensamentos arrastados. Arrependida, mais tarde desculpas peço, sem dó nem culpa nenhuma.
Irritadiça, resolvo num lampejo e com urgência as pendências que se apresentam.
Relaxo, e sorrio, anestesiada.
Colérica, quero o mundo, e quero já.
Com algum sapato ou chocolate, quem sabe vestido ou maquiagem, sossego.
Tudo porque o impulso é meu trampolim, e não canso de mergulhar ao fundo do que se misteria cada vez mais, e não encontro nunca as tais respostas corretas.

No adubo onde floresci, havia ainda um primeiro adendo, que esqueceram de inserir em meu manual de instruções - já perdido por aí, à esta altura do campeonato - e que em letras garrafais, proferia: cuidado, eu mordo.

Especialmente no final de cada mês, quando contrariada, ou acordada com o telefone tocando sem parar.O aviso é possível, mas ainda desconheço quem ao ver a flor quieta, calma e em seu lugar não aventurou o dedo e terminou a visita com sangue jorrando.Perigo de quem se aventura, recompensa de quem perdura.

Quem êxito tem, não vive sem!.


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