Dias inúteis... lá na frente serão algo!.

Eu não ia nem escrever aqui.
Ando sem muita vontade de falar.
Ando precisando de mais ar do que o normal.
Ando querendo mais calor do que tenho.
Mesmo com o verão chegando,
pensamentos afoitos brigando dentro de mim,
tudo querendo falar ao mesmo tempo.
Vazio.
Volta e meia esse vazio vem.
É quase como um carrasco que me incrimina por
crimes que não cometi e dores que tenho medo de sentir.
Eu sou determinada a ser feliz,
mas meus fantasmas são determinados a lembrarem sua existência.
Fico sem vontade de sair da cama, olho ao redor e a solidão
parece a única certeza... sinto medo de tudo, revejo os piores momentos,
choro, durmo abraçada a mim, caminho de madrugada pela casa,
durmo com a TV ligada e saio com vontade de ficar.

Aí tenho que sorrir para as pessoas,
tenho que esquecer o que sinto de verdade e encenar a vida real
para ela não sofrer com o que já dói.
É preciso coragem para me olhar no espelho em dias assim.
É preciso muita vontade para sair disso.
Não sei se quero.
No fundo, devo ter algo bem maldoso...
de me divertir quando mais preciso de ajuda,
de gostar de não gostar e de não sair quando quero ir embora.
O que acaba facilitando, pois viro poesia de mim,
dramática até o último minuto do dia,
demorando mais tempo do que deveria com infindáveis
promessas, jamais realizadas.
Já me conheço tanto que quando me desconheço,
também sei que aquilo ia acontecer.
Alguns dias me amar dá trabalho.
Detesto quando me perco assim pela casa.
Não sei onde estou.
Alguns dias é assim.
Sozinha.
Já entendi que vou ter que aprender que tudo que
eu já tive na vida, não tenho mais.
Acabou-se muito do que foi-se.
"Se é que a gramática me permite esse jogo verbal".
Fui e não sou mais quem um dia eu tinha certeza absoluta que seria.
Aí me cobro por estar agora longe de quem eu admirava que seria.
Eu colocava a mão no fogo por mim.
Hoje eu finjo que acredito.
No final das contas, espero que venha algum sol.
Eu estou na sala olhando o céu nesse exato momento.
Esperando.
O sol pelo menos é bonito.
Apesar de terrivelmente intenso.

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Juliana scheppa